terça-feira, 1 de junho de 2010

Resiliencia.

O primeiro passo para cura é aceitar a condição de doente. Acho que por isso tem sido tão difícil conseguir algum avanço na minha reforma/demolição íntima. Antes de me tratar na condição concomitante de 'doença e doente', eu precisaria me conhecer mais, aceitar, construir, para só então assumir uma terceira condição: a de médico. Sinceramente nem eu sei se vou entender isso aqui que tô prestes a escrever quando eu, eventualmente, vier a reler o escrito (sim, eu sempre me leio), mas vamos lá. Eu 'doente' fico atacando eu 'doença' das formas mais inusitadas possíveis, só que sem nenhum diagnóstico preciso. Estou sempre tentando mudar algo, descobrindo um problema novo maior que o antigo e, clichesticamente, menos que o próximo, para, logo em seguida, me sentir curado, renovado, graças aos paleativos; que ocuparam tanto a minha cabeça na busca de soluções que eu acabo mesmo esquecendo qual era o problema. De repente, eu assumo ainda uma quarta condição, viro Deus e opero um milagre em mim: não existem mais problemas. Dirimi-se doente e doença, tudo de uma vez só. É só mesmo a minha essencia, é tudo questão de aceitação, rotulação. Afinal, tudo é muito relativo, isso que me incomoda um pouco, o que existe de absoluto em mim é a relatividade. Os meus próprios 'problemas' devem ter crises de identidade gravíssimas por não saberem o que realmente são, crise válida também pra qualquer solução, pensamento ou sentimento cuja fonte seja eu. Sendo assim, alcançar uma estabilidade é uma tarefa quase impossível, meu habitat natural, desde muito tempo, tem sido mesmo a crise, é com ela que eu me identifico mais. Tentar me conhecer melhor, pra saber o tipo de remédio ou, mais provavelmente, procedimento cirúrgico correto é algo que eu venho tentando sem lograr o êxito esperado. Sendo assim, permaneço doente-doença-Deus, sendo este último pedaço só de fachada, porque a validade dos milagres é curtíssima. Na verdade, eu poderia facilmente, se não tivesse tanta preguiça, substituir a palavra 'Deus' por 'Enganador de si' sem mudar nem por um segundo o sentido daquilo que eu estou tentando expressar aqui, porque os pseudo-milagres são, na realidade, apenas a negação de alguma coisa, que deixam meu quadro estável por pouco tempo. O que me remete ao que escrevi no inicio em relação à aceitação da doença. Infelizmente esse texto vai ficar inconcluso. Vou parar por aqui antes que eu comece a falar em círculos.
Adeus.

Um comentário:

  1. admiro como voce inventa palavras revolucionárias como "clichesticamente" e "caose"! Se bem que clichesticamente pode até existir, haha. Crise é um ambiente seguro nos olhos de muitos, é apenas confortante. :)

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